O número de novos casos de infecção
por HIV no Brasil aumentou 11% e o índice de mortes no país atribuídas à Aids
subiu 7%, entre 2005 e 2013, segundo relatório divulgado na ultima quarta-feira
(16) pela Unaids (Programa da ONU para HIV e Aids).
Os dados chamaram a atenção porque vão na contramão
da média global, em que os casos de infecção caíram 13% nos últimos três anos e
o número de óbitos relacionados diminuiu 35% de 2005 a 2013, segundo o
relatório.
Para especialistas ouvidos pela BBC Brasil, entre
as causas do aumento estão a desinformação entre jovens, a discriminação contra
gays e problemas de foco nas campanhas do governo.
Segundo a Unaids, a prevalência do HIV na América
Latina é concentrada em determinados grupos mais vulneráveis, como gays,
profissionais do sexo e usuários de drogas. Além disso, ao menos um terço das
novas infecções na região ocorre em jovens, com idade entre 15 anos e 24 anos.
JOVENS GAYS - A diretora do Unaids no Brasil, Georgiana
Braga-Orillard, disse que os números do Brasil na pesquisa não a surpreenderam
totalmente, já que dados oficiais já vinham apontando uma maior ocorrência de
infecção por HIV entre jovens homossexuais.
"Muitos jovens de hoje se protegem menos,
acham que não precisam de camisinha, até por acreditarem que Aids é uma doença
do passado ou de pessoas mais velhas. Eles não viram ídolos morrerem, como [os
cantores] Cazuza ou Renato Russo", disse Georgiana.
Para ela, a desinformação sobre a doença não diz
respeito apenas ao governo. "Hoje, se fala menos sobre a Aids também nas
escolas e até na mídia, em que o assunto acaba entrando em pauta apenas na
página de ciência."
O governo brasileiro confirmou à BBC Brasil que
existe um "crescimento de casos novos, concentrados nesses grupos e [isso]
está de acordo com o cenário que o Ministério da Saúde tem apresentado nos
últimos boletins epidemiológicos", porém não informou o que influenciou o
seu aumento.
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